domingo, 28 de dezembro de 2014

Infecção

Sabia que tudo iria mudar,
Mas não sabia bem pelo que esperar
Sorri vendo sua mãe gritar
Esperando você chorar

Até que você nos presenteou
A vida brilhou assim que você chorou
O mundo então parou
E mais iluminado ele ficou

Em pouco tempo, todos os sentimentos
Os bons, os ruins, os mais intensos
O amor na dor, a dor que revela o amor
A doença, a esperança, a crença

Hospitais, escadas, corredores
Poltronas, lençol, cobertores
Médicas, enfermeiras, técnicas

Eu ao seu lado me fascinava
Você sem saber me contaminava
E a cada respirar, a cada olhar,
O virus do amor me infectava

E assim tem sido todo esse tempo
Eu do seu lado, sua mãe em pensamento
Segure firme nossas mãos, sinta agente aqui
Não importa onde, em casa ou na UTI
Tenha certeza que estaremos aqui

Não chore não meu amor,
Na alegria do seu sorriso ou na agulha da dor
Olhe em nossos olhos, você não está sozinha,
Estaremos sempre contigo, nossa doce menina!

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Nasce uma flor...

Era uma vez uma sementinha que foi semeada com muito amor e carinho. Essa semente demorou o tempo suficiente para germinar, absorvendo todo o carinho, amor e nutrientes que a terra poderia lhe dar. Mas no momento em que brotou, era época de seca.

O mundo passava por mudanças importantes, de ajustes necessários para recolocá-lo em órbita novamente, livrando-se assim do vácuo em que perambulava.

No meio de tanta mudança interna, sobrou para o pobre e inocente broto, que sofreu com a secura da terra onde escolheu nascer. E seus primeiros dias foram difíceis, muito difíceis, combatendo pragas e infecções, cada minuto era uma vitória na luta pela vida e cada dia nossa plantinha demonstrava e contagiava a todos com sua força, mesmo aparentando tamanha fragilidade.

Muitos não acreditavam que ela iria vingar, mas as recentes transformações do mundo carregaram os corações sedentos de fé e nada mais era impossível. Difícil, sim. Impossível não. Nossa plantinha resistia bravamente a fortes ventos mesmo com a raiz ainda rasa. Rasa, mas fincada no terreno fértil da fé e da esperança, ela crescia, se fortalecia e contrariava as expectativas de quem ainda não aprendera nada com ela.

Os dias foram se passando e ela crescendo milímetro a milímetro, se fortalecendo e fortificando o mundo aos passos de formiga e tartaruga, impondo o seu tempo harmonioso nos corações que antes eram pura ansiedade. Muitos jardineiros foram chamados para ajudá-la, uns desistiam a cada revés e condenava a guerreira planta a nunca mais florir. Para esses jardineiros talvez ela nem queira florescer, pois não são dignos e merecedores do perfume de suas flores. Já para os que acreditavam em sua força, logo se encantariam com as cores de suas pétalas. Uma coisa ali então ficava claro: o chefe dos jardineiros se simpatizava com aquela florzinha e fazia questão de tê-la em seu mais perfeito jardim.

E seguiram dias e noites de luta, as vezes ela ficava meio caidinha, sem cor, mas logo se recuperava e enchia os olhos de quem a acompanhava com sua luz que vinha de dentro e ia conquistando mais seu espaço no mundo, crescendo novos ramos, afundando suas raízes. Tudo se transformava ao seu redor, como se ela era a peça que faltava para o equilíbrio da vida.

Todos passaram a acompanhar a luta e resistência daquele serzinho com carinho, fé e otimismo. Assim ela iria amolecendo e aquecendo os mais duros e frios corações e enfeitiçava a todos com a doçura e pureza de suas pétalas, exalando paz e amor no novo mundo que transformara ao mesmo tempo em que ensinava a todos que a briga pela vida sempre vale a pena e que cada dia é dia de vitória.

E isso foi só o começo de sua jornada...

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Amor ao som do coração

"Ninguém nunca vai saber a força do meu amor por você.
Afinal de contas, você é a única que conhece o som do meu coração, de dentro de mim."

sábado, 13 de dezembro de 2014

29 de Setembro

O dia em que o mundo parou, que nada mais importava.
O tempo não existia, não passava e não havia televisão nem celular.
Não existia mais crime, guerra, violencia, fome, sede, calor nem frio.
O dia em que não havia mais política, mais trânsito, contas pra pagar, trabalho...
Um dia sem desigualdade... 

Hoje todos somos iguais, na mesma situação.
Ninguém é mais que ninguém, nem melhor, nem pior.
Todos na mesma expectativa, na mesma aflição.

Esse dia ficou pra história, no fim a Lua sorriu e uma estrela brilhou forte lá no alto como nunca se viu, enquanto aqui dentro uma nova chama se acendia.

O sentimento de ser pai?
Nenhum ou todos...é não sentir mais nada enquanto se sente tudo.
É olhar e não ver, se perder no rosto mais lindo que se viu, sem conseguir acreditar que é real. É perceber que não se trata de uma parte de você, mas sim do todo daquilo que se é e pode ser.
É não saber explicar o que realmente não tem explicação, simples como o amor não é.

O dia em que o mundo parou, acabou e começou de novo, do zero, bem melhor e bonito do que antes.

Vinte e nove de Setembro de 2014, onze e quarenta e nove.
Luana Gomes Machado